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Gestão ágil no Direito

Como as metodologias ágeis podem trazer ganhos para o mercado jurídico?

Por Sílvia Piva - Fundadora da Nau d’Dês



Criada na indústria de software e “emprestada” por vários setores, a abordagem ágil pode ser a solução para fomentar a inovação e a eficiência dos serviços jurídicos. Afinal, já faz mais de 20 anos desde que um grupo de desenvolvedores se uniu para pensar em alternativas aos métodos tradicionais de gestão da indústria de software.

O Manifesto Ágil, publicado em 2001, foi a base para o desenvolvimento de diferentes abordagens adotadas, inicialmente, pelo mercado de tecnologia, que possibilitaram, entre outros fatores, o grande avanço do setor nos últimos anos.

A ideia desses desenvolvedores era encontrar um caminho para tornar o sistema de trabalho mais flexível e menos burocrático, a fim de dar vazão à inovação e tornar as entregas mais eficientes, tanto para seus clientes quanto para os times de desenvolvimento. A partir disso, o grupo documentou quatro valores e dez princípios que deram origem a uma série de abordagens que hoje são usadas em diversos setores, inclusive nos serviços jurídicos.

Valores do Manifesto Ágil

  1. Indivíduos e interações acima de processos e ferramentas;

  2. Software funcionando é mais importante do que documentação abrangente;

  3. Colaboração com o cliente à frente da negociação de contratos;

  4. Responder a mudanças acima de seguir um plano.


Princípios do Manifesto Ágil

  1. Entregar software funcionando com frequência;

  2. Dar prioridade à satisfação do cliente;

  3. Trabalhar em conjunto com o cliente;

  4. Acolher mudanças nos requisitos, mesmo no fim do projeto;

  5. Construir projetos em torno de indivíduos motivados;

  6. Usar comunicação face a face;

  7. Medir o progresso principalmente pelo software funcionando;

  8. Promover ambiente de desenvolvimento sustentável;

  9. Manter a simplicidade;

  10. Auto-organização da equipe.


Gestão jurídica: do Taylorismo aos métodos ágeis

Antes de pensarmos em como as metodologias ágeis podem ajudar o mercado de Direito, precisamos entender o contexto em que os serviços jurídicos estão inseridos e como as transformações da era digital têm demandado novos olhares para os modelos de trabalho e gestão.

Via de regra, as organizações de produtos e serviços — dentre elas escritórios de advocacia ou departamentos jurídicos — adotam, muitas vezes sem saber, o modelo organizacional Taylorista. Este modelo foi criado por Frederick Winslow Taylor no final do século XIX, no contexto da Revolução Industrial, e se popularizou por otimizar recursos, gastando menos e produzindo mais.

Com as mudanças trazidas pela era digital, combinadas à hiperjudicialização brasileira — há cerca de 80 milhões de processos em trâmite no país atualmente — esse método acabou criando grandes linhas de produção no mercado jurídico. O aumento dessas demandas somado às mudanças constantes trazidas pelos avanços da tecnologia, fez com que o setor jurídico intensificasse os mecanismos de comando e controle e trouxe novas camadas de complexidade para as organizações de advogados.

Ou seja, as medidas pensadas para aumentar a capacidade de produção dessa indústria jurídica acabou adicionando novos obstáculos ao que já estava no limite. Nesse contexto, o resultado é que tanto quem presta como quem contrata o serviço jurídico sente os impactos: muito volume, trabalho padronizado de baixo custo, baixa qualidade e praticamente nenhuma reflexão sobre as especificidades de cada caso.

Abordagens ágeis para um setor jurídico complexo

Mesmo que a passos lentos demais, na nossa opinião, o Direito tem se inspirado em áreas como a tecnologia e o design, além de incorporar novos caminhos, como os métodos ágeis, a fim de trazer mais autonomia aos profissionais e, com isso, fomentar a inovação e aumentar a eficiência de suas entregas. Vemos esse movimento abrindo espaço para um jurídico mais criativo e eficiente, abrindo espaço para redesenhar os modos de trabalho e o pensamento jurídico.

Na prática, essa abordagem permite a administração diária e contínua de toda a complexidade organizacional dos serviços jurídicos. Dessa forma, é possível criar um sistema de trabalho colaborativo no qual o time jurídico atue de forma ágil, com planejamentos de ciclo curto e em um ambiente de transparência radical, que possibilita o acompanhamento contínuo de cada projeto e as correções de rotas necessárias de forma sincronizada.

Diante destes benefícios, é imprescindível que o advogado comece a incorporar a metodologia ágil em sua rotina, a fim de garantir uma atuação mais estratégica e eficiente que o possibilite se tornar referência no mercado. Para te ajudar, promoveremos o curso “AGILE: Como trabalhar com métodos ágeis no Direito”, apresentando os desafios e formas que as metodologias ágeis podem contribuir em sua rotina profissional.

SOBRE A AUTORA Sílvia é Sócia e COO do GHBP Advogados e Fundadora da Nau d'Dês. Advogada, Mestra e Doutora em Direito Tributário e pesquisadora do IEA USP sobre simbioses humano-tecnologias. Professora nos cursos de pós graduação do IBET e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Colunista especialista de Mercado Jurídico no AAA Inovação.


Texto retirado do site da Thomson Reuters

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